Projeto oferecerá formação profissional completa pela instituição e os participantes terão a possibilidade de contratação pela EDP

 

A população trans enfrenta todos os tipos de obstáculos para ingressar no mercado de trabalho, como o preconceito e a falta de oportunidades. Atento a esse cenário e com a visão de ampliar a diversidade em seus quadros, a EDP, distribuidora de energia elétrica do Espírito Santo, fechou uma parceria com o Senai ES para mudar esse cenário. Assim, as instituições lançam a primeira escola de eletricistas exclusiva para pessoas trans. 

A primeira turma contará com 16 participantes e as aulas serão ministradas na unidade do Senai Civit, na Serra. O início das atividades será em janeiro, mês da Visibilidade Trans. Durante o curso, os participantes receberão materiais didáticos, uniformes e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), além de bolsa-auxílio e almoço no local. O processo de seleção dos participantes e inscrição foi realizado pela EDP e ao término do curso os participantes terão a possibilidade de contratação pela empresa. 

“Fomentar a educação, a partir de ações intencionais e propositivas, é fundamental para gerarmos oportunidades às populações mais vulnerabilizadas. Ao promover uma jornada de desenvolvimento e capacitação profissional, a escola será um passo em direção à cidadania, empregabilidade e acolhimento da população trans”, afirma a vice-presidente de Pessoas e ESG da EDP no Brasil, Fernanda Pires. 

 O preconceito, a baixa escolaridade, o desemprego e a violência fazem do Brasil o país que mais mata transexuais no mundo, levando a expectativa de vida média da população brasileira trans de 74 para 35 anos (segundo o IBGE). 

“O cenário dá a dimensão da urgência com que a sociedade precisa ser sensibilizada para a construção da cultura de paz e respeito. E o Senai ES, a partir da estruturação do seu programa de diversidade e inclusão e com parceiros como a EDP, podem apoiar na mudança da empregabilidade trans no mercado”, destaca o diretor regional do Senai ES e superintendente do Sesi ES, Cláudio Marcassa, instituição de referência quando o assunto é educação profissional. 

Competências comportamentais 

A equipe pedagógica do Senai, instrutores da escola de eletricista e de outras atividades da unidade do Civit, participaram de uma formação on-line com a cofundadora da plataforma de recrutamento TransEmpregos e consultora de Inclusão e Diversidade, Maite Schneider. Além da capacitação técnica, a escola contemplará um módulo voltado ao desenvolvimento de competências comportamentais que será ministrado por Maite.  

Para a diretora do Senai Civit, Mariana Fonseca, essa é a oportunidade de quebrar paradigmas. “É mostrar que é possível abordar a diversidade nesse contexto, mesmo em cursos, até então, altamente masculinos, e de promover a inserção no mercado de trabalho. Além da possibilidade de contratação desses profissionais pela EDP, quem sabe algum aluno, que se destaque e que esteja interessado em dar aula, venha fazer parte do Senai como professor? A expectativa é essa”, destacou.   

Sobre o curso  

Com carga horária de aproximadamente 500 horas e cerca de três meses de duração, a Escola de Eletricistas para Trans é gratuita, com o foco na qualificação e capacitação de pessoas trans como eletricistas de redes de distribuição de energia.  A iniciativa é uma parceria da EDP com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Após a finalização do curso, os estudantes recebem certificado chancelado pelo Senai e permanecem no banco de talentos da EDP, podendo participar de processos seletivos para vagas efetivas. 

O curso terá aulas teóricas e práticas a respeito dos princípios e leis que regem o funcionamento de sistemas elétricos. O intuito é promover aprendizado sobre os procedimentos e técnicas necessárias para planejamento, execução, avaliação e inspeção das redes, bem como sobre manutenções preventivas e corretivas, dentro das normas técnicas e de segurança.  Ao término do curso, a expectativa é que essas pessoas estejam capacitadas para o mercado de trabalho.

 

*Por Fernanda Gomes e com informações da assessoria da EDP Espírito Santo