2016 aluna

 

Amanda da Silva Soares se prepara para disputar a Olimpíada do Conhecimento em 2017

 

Elas trabalham em ambientes de maioria masculina e, com profissionalismo e eficiência, lutam para afastar a imagem estereotipada de sexo frágil

 

Durante muito tempo meninos eram presenteados com carrinhos e jogos de montar, brinquedos que os levavam a imaginar como moldar e explorar o mundo. Já as meninas ganhavam bonecas e panelinhas, que as ensinavam como cuidar da família. Assim era a sociedade, que começa a mudar de perfil.

 

Exemplo disso é a presença feminina na indústria capixaba, que já se mostra expressiva. De acordo com levantamento realizado pelo Ideies, 46.547 mulheres atuamem empresas industriais, representando 22,3% da força de trabalho. São 37.780 delas trabalhando na indústria de transformação, 1.454 na extrativa mineral, 1.496 em serviços industriais de utilidade pública e 5.817 na construção civil. No perfil dessas mulheres consta ainda idade entre 30 e 39 anos e Ensino Médio completo. 

 

No Senai-ES é grande a procura do público feminino por cursos antes considerados apenas masculinos, como Técnico em Mêcanica e Eletrotécnica. No ano passado,mais de 15 mil mulheres se inscreveram em cursos da entidade. Desse total, a maioria optou pelo curso técnico, e o restante se dividiu entre cursos de qualificação e aperfeiçoamento. Segurança do Trabalho foi o curso mais procurado.

 

Amanda de Jesus Rodrigues, 19 anos, é um dos exemplos. Ela entrou no Senai-ES por meio do Pronatec, para cursar Edificações. Com o intuito de ampliar seus conhecimentos, fez também os cursos de Pedreiro e Eletricista Residencial. Não satisfeita, Amanda ainda aproveitou uma bolsa para fazer o Técnico em Eletrotécnica. “Meu foco sempre foi trabalhar com obras, em alguma construtora, então eu tentei me aperfeiçoar em tudo que envolvesse o dia a dia de um canteiro. E o melhor, fiz todos os cursos gratuitamente, e agora quero conseguir uma bolsa para fazer Engenharia Civil”, disse. Atuando na área desde que se formou, Amanda estagiou por sete meses até ser contratada.  Ela recebe em média R$ 1.500 e supervisiona os serviços realizados por homens bem experientes.

 

Uma oportunidade também aguardada por sua xará, Amanda da Silva Soares, que se prepara para disputar a Olimpíada do Conhecimento em 2017. Técnica em Mecânica formada em 2014 e em Soldador Mig/Mag e Eletrodo Revestido no ano passado, Amanda se considera pronta para vencer as duas competições: a do Senai e a do mercado de trabalho. “Eu me qualifiquei bem e tenho o conhecimento técnico necessário. Não tenho medo de encarar o desafio de competir com homens. Estou apta a mostrar tudo o que sei e também para aprender mais praticando”, afirma ela, que pretende cursar ainda Gestão da Produção Industrial.

 

O empresário Denis Martins, proprietário da HP Automação, na Serra, tem cerca de 20 funcionárias em seu quadro, entre elas duas ex-alunas do curso Técnico em Mecânica do Senai-ES. Na avaliação dele, para determinadas funções as mulheres são mais dedicadas. “Eu estou muito satisfeito com o desempenho das mulheres que trabalham aqui. Acredito que elas são mais responsáveis, organizadas e dedicadas ao serviço do que os homens” , avalia.

 

O gerente-executivo de Educação e Tecnologia do Sesi/Senai, João Marcos Del Puppo, afirma que, assim como no Ensino Fundamental, as mulheres também estão ganhando mais espaço na educação profissionalizante. Além disso, as empresas estão se modernizando e a sociedade, evoluindo. “No geral, creio que não haja diferenças de atuação ou na função entre homens e mulheres. O que ocorre é que elas estão lutando mais para conquistar seus espaços e têm o cuidado de desempenhar suas funções com maior zelo”, afirma.